6.6.15

Olho nu

o desconhecido é um abismo
mas o desconhecido me fascina
a olho nu todos são desconhecidos
a olho nu pouco se enxerga
sentir é o que nos resta
pouco a pouco o desconhecido conquista
e num descuido, ou por força do desejo mergulha-se no abismo

daí em diante tudo é incerto
mas o que se deseja é que não acabe nunca.
cada toque
cada movimento é único
o desconhecido nunca é igual,
possuí-lo é surreal
causa palpitações
tremores
desperta algo adormecido

paixão.
nesse instante percebe-se:
não se pode possuir o desconhecido.
esse abismo é profundo demais
quem dirá que não é ele quem me possui?
entrego-me
de corpo e sangue,
o desconhecido é voraz
devora a carne, bebe o sangue,
se satisfaz.
é cruel
faz-me implorar
um pouco mais.
derrama-se em mim
e desaparece na escuridão.




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